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O hepta filosofal!

Antes de iniciar o texto, descreveremos os títulos conquistados pelo Corinthians, desde 2008:

2008 – Campeonato Brasileiro da Série B; 2009 – Paulistão e Copa do Brasil; 2011 – Brasileirão; 2012 – Libertadores e Mundial; 2013 – Paulistão e Recopa; 2015 – Brasileirão; 2017 – Paulistão e Brasileirão;



O Corinthians conquistou, em um período de nove anos, 11 títulos. Nenhum time conquistou tantos títulos quanto o alvinegro paulista nos últimos dez anos. Por quê?

Por muito tempo, a mídia insistiu que para se ter um grande time é essencial, antes de tudo, uma grande organização fora de campo, o que inclui um bom Centro de Treinamento (CT), estádio próprio, situação financeira estável, diretoria pacificada, torcida presente, bom marketing, entre outros fatores que, consequentemente, refletiriam dentro do campo. Essa tese ganhou força com os títulos do São Paulo (Libertadores e Mundial 2005, Brasileiros 2006, 2007 e 2008), pois o tricolor paulista, na época, era referência no Brasil de organização extracampo.

O rebaixamento corintiano, em 2007, fez o clube repensar vários aspectos dentro e fora de campo. O projeto de restruturação ganhou força em 2009 com a contratação de Ronaldo Fenômeno, que possibilitou a atração de investimentos para o clube. Após “a queda”, o Corinthians conseguiu construir um dos melhores CTs do Brasil, virou referência de departamento médico e adquiriu o próprio estádio. Ainda que pesem as obscuras transações financeiras do clube, o time mudou de patamar e conseguiu ter uma das melhores estruturas do país. Todas essas mudanças ajudaram a trazer muitos títulos ao Corinthians, mas não foram a principal razão.


Vale lembrar que o time do Parque São Jorge melhorou a estrutura como um todo, mas cometeu e ainda comete velhos erros: gastar mais do que pode, atraso de salários, desorganização de diretoria, casos de denúncias de corrupção, dívidas altíssimas e permanência no poder do grupo de Andres Sanchez, que deve voltar à presidência em 2018.

Voltando a restruturação, muitos clubes têm feito o mesmo que o Corinthians e, até mesmo, iniciaram esse processo de investimentos fora de campo antes do clube paulista. Por que, no entanto, não conseguiram o mesmo sucesso? Porque o Corinthians é o único clube no Brasil, atualmente, que possui uma filosofia de jogo que é adotada há tempos!


Quando o time trouxe Mano Meneses em 2008 para jogar a série B, se iniciou um estilo de jogo que teria sequência com Tite e Carille. Basicamente, esse estilo se baseia em grandes defesas, times compactados e triangulações pelas laterais do campo. Claro que existem diferenças entre esses três treinadores, e esse tipo de jogo também variou de acordo com a qualidade do elenco. Contudo, o padrão de jogo pouco se alterou. Essa filosofia também foi comprada pela torcida, que vibra ao ganhar de um a zero, placar comum para esse estilo de jogo, como se fosse goleada. Como disse um jornalista (não lembro o nome), “o torcedor corintiano lota o estádio e entende o estilo de jogo da equipe. O mesmo não acontece com outras equipes que fazem altos investimentos e os torcedores cobram futebol vistoso e goleadas”. Em outras palavras, a torcida corintiana quer uma coisa do time: entrega!

A diretoria corintiana, com todas suas falhas, tem tido um acerto essencial: mudou pouco os técnicos nos últimos 10 anos e procurou treinadores que mantivessem a filosofia de jogo. Cristovão Borges, Adilson Batista e Oswaldo Oliveira foram os pontos fora da curva, porém muito se deu pela falta de opções no mercado. Dirão alguns que Carille não foi primeira opção, “foi o que restou”. Este argumento tem fundamento, ainda assim, mérito da diretoria que apostou no jovem treinador da casa e o bancou em momentos difíceis, assim como Andres manteve Tite após a eliminação para o Tolima, em 2011.

Nesta filosofia, na qual cada jogador possui suas funções bem definidas e que o grupo é o mais importante que o individual, tanto que o time teve poucos craques no período citado, jogadores medianos se tornaram jogadores essenciais e destaques no Brasil. Muitos nomes podem ser citados: Rodriguinho, Alessandro, Petros, Jorge Henrique e, o maior deles, Romero! O paraguaio está longe de ser um craque, mas seu desempenho em números para a equipe é incrível. Quando o desempenho do grupo vai bem, as individualidades aparecem. No Corinthians, é assim.

O heptacampeonato brasileiro conquistado ontem, na Arena lotada, foi a “cereja do bolo” de um trabalho muito bem realizado por Carille. O time, no início de temporada, considerado a quarta força paulista, jogava um futebol feio, mas tomava poucos gols. O “jovem” técnico corintiano começou o time pela defesa e foi melhorando o ataque ao longo da temporada. Mano e Tite também fizeram o mesmo!

Cristovam Buarque, senador brasileiro, disse em recente entrevista para este blogueiro: “o Brasil precisa de mais filósofos, pois é a filosofia que pode nos ajudar a encontrar um caminho para nação”. A filosofia aponta um caminho, clareia a estrada na escuridão. O Corinthians entendeu isso, e, por isso, mais do que quaisquer outras fundamentais melhorias, foi heptacampeão e tem sido um dos maiores vencedores dos últimos tempos. Parabéns, Corinthians!

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