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Germano Martiniano: Paulistano mereceu o título!

Quando eu tinha nove anos e jogava futebol pela categoria fraldinha da escolinha Dente de Leite fomos para a final de um campeonato municipal no Sesi contra o Toque de Bola. Na preleção, lembro como fosse ontem, o nosso técnico (que não era o Claudio nem o Edvar, não me lembro o nome dele mais) disse algo que nunca esqueci: “iremos fazer uma prece agora, mas não vamos pedir a Deus para ganhar, pois do outro lado também tem um time, e Deus não tem preferência. Vamos pedir por um jogo justo e sem contusões. Quanto a ganhar, esqueçam Deus, vai ganhar quem der a vida naquele campo!” .




Éramos o time B do Dente de Leite, no A o Claudio colocou sua “panela”, que foi eliminada na semifinal pelo Toque de Bola. No B o Cláudio colocou os meninos que estavam começando e aqueles que, apesar da técnica, não lhe agradava o temperamento. Era o meu caso, um moleque de personalidade, que contestava as ordens e também de temperamento difícil. Assumo! Final da história: o time B ganhou do Toque de Bola na final, nos pênaltis. Fui um dos cobradores e converti. Um dos momentos mais felizes da minha vida. Minha resposta foi no campo.


Germano aonde você quer chegar com essa “balela”?


Na final do Paulista de Basquete entre o Sesi Franca e Paulistano me lembrei do que este técnico nos disse. A maioria das pessoas tem vontade de ganhar, mas tem gente que se supera mais, que faz mais pela vitória. Não quero ser mal compreendido dizendo que Franca não teve vontade de vencer. Claro que teve, mas o Paulistano teve mais. O Paulistano lutou por cada bola, por cada jogo, como se fossem os últimos. Em outras palavras, o Paulistano estava com a “faca nos dentes”. Mereceu o título.


O time de São Paulo, além de um elenco muito qualificado tem o melhor treinador do Brasil, atualmente. Gustavinho não para, gesticula, briga com arbitro, para o jogo nos momentos corretos e consegue tirar o máximo de cada jogador. É chato? Não, ele é insuportável. Mas ele é um P...técnico.


Então não seria esse o motivo do título do Paulistano, um time melhor do que o de Franca e não a questão de “mais vontade de ganhar”? Considero os dois. Claro que quando se fala em vontade é subjetivo, pois todos do Franca queriam ganhar e como queriam. Mas, em todos os jogos vimos, até nas vitórias do Franca, o Paulistano vender caro a derrota, buscar placares que pareciam impossíveis. A postura do time francano no jogo 4, ainda que com toda admiração que hoje temos pelo trabalho sério que está sendo feito, foi inaceitável.


Vimos que quando Franca marcava pressão como o Gustavinho fez, impedindo nossos chutadores natos Jeferson e Leo de pontuar, o time da capital do basquete conseguia também neutralizar o Paulistano. Ontem foi assim quando o time empatou no segundo quarto, 39 a 39. Por que não fez isso mais vezes?


Portanto, quando digo vontade de ganhar, não se trata, simplesmente, do desejo, mas do que você faz para conquistar o seu objetivo. E por mais que Franca tenha feito muito, o Paulistano fez mais, marcou mais, lutou mais, “brigou mais”, catimbou mais, ou seja, fez tudo um pouquinho mais. Não é uma critica direta ao Sesi Franca, mas até uma lição a ser aprendida com Gustavinho e seus comandados. Ou se quiser buscar exemplos em nossa história, temos vários. Helio Rubens quase quebrava a cadeira fora de quadra. Vargas não permitia gracinhas no templo do basquete, Dexter nem se fala!


Questionamento e lições:


  1. Franca precisa de um elenco ainda mais qualificado para o NBB?

  2. Franca necessita corrigir dois pontos muito importantes: rebotes e lance livre.

  3. Há tempos que Franca não tem sabido usar o Pedrocão como incentivo. Muitos jogadores sentem a pressão de jogar aqui. Estes jogadores estão preparados então para jogar em Franca? Há que se analisar.

  4. O Mineiro tem um dos salários mais altos do Franca, não foi bem no PAULISTA, deixou a desejar nos rebotes e não pontuou nada.

  5. Meu amigo Danilo Alves citou algo interessante: Coelho é ala ou armador? A meu ver, ele jogou muito individualmente, mas não fez o time jogar. Precisamos de mais um armador? (Alexey será operado)

  6. A torcida do Franca já gritou mais, já incentivou mais e já entendeu mais de basquete. Hoje, faltando 10 segundos para estourar o relógio a galera se desespera, não pode!



Falo isso há tempos. Franca não pode se contentar com segunda colocação. Essa não é a nossa história. Por isso não concordo com discursos conformistas. “Perdeu, mas tá bão”, como se diz no “mineirês”. Não está bom não. Franca não é o salão de festas do Paulistano.


Finalizando. O projeto do Sesi é maravilhoso. Helinho e sua comissão técnica estão fazendo um trabalho sério e competente. Jeferson, Léo, Pedro, Cipolini e Coelho jogaram muito bem as finais. A diretoria, o marketing, e toda equipe em geral, estão colocando Franca novamente onde precisamos estar. Não é por uma derrota na final, que agora todos são ruins, que está tudo errado. Pelo contrário. No geral todos merecem ser parabenizados. Estamos no caminho certo, mas não podemos nunca nos conformar. Franca é o MAIOR time do Brasil. E digo Franca sem o Sesi neste caso, pois patrocinadores vão e vêm e o que fica é nossa história.


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