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O Fair Play não trará perfeição ao futebol!

A nossa única certeza na vida é a transformação. O mundo está sempre sofrendo mudanças e não podemos nos perder no “trem da história”. O futebol, principalmente no Brasil, sempre foi movido pela “malandragem” dentro de campo. Nilton Santos, enciclopédia do futebol brasileiro, tem um lance na Copa de 1962, no qual ele faz uma falta dentro da área, pênalti, e ele da um famoso passo para fora da área para ludibriar o arbitro, que acaba por marcar a falta e não a penalidade.


© Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians


Como foi dito a transformação é o que move a civilização, e se pegarmos de 1962 até os dias atuais, o clamor por mais justiça no meio esportivo cresce a cada dia. Por isso em vários esportes já tem se adotado a tecnologia para contribuir com a arbitragem. O futebol, a modalidade mais popular do mundo, parece ir à contramão, e ainda são poucas as ações tecnológicas dentro de campo, o que é lamentável.


O uso da tecnologia poderia resolver milhares de polêmicas que permeiam o dia a dia do futebol. No caso do Corinthians e de Jô, impedimentos gritantes que foram marcados seriam desmarcados, e o gol de mão, ontem contra o Vasco, seria anulado. Desta forma se evitaria entrar na questão moral, completamente subjetiva, se Jô deveria se entregar ou não! Precisamos ser seres práticos, a tecnologia traria essa praticidade.


Mas e o papel do Homem na sociedade, não está na hora dos jogadores darem o exemplo dentro de campo do Fair Play? A malandragem de Nilton Santos, Maradona e outros, que decidiram até Copas do Mundo, não precisa desaparecer e dar lugar a um novo Homem, mais comprometido com os valores que a sociedade contemporânea exige? Complexo, muito complexo.


No mundo ideal, o certo seria todos nós nos entregarmos e sermos 100% honestos a todo momento. No entanto, a complexidade do Fair Play no futebol e outros esportes advêm do fato que muitos lances são interpretativos, a própria FIFA é confusa quanto a “mão na bola, ou bola na mão”, isso para citar um exemplo. Uma falta para cartão vermelho divide, muitas vezes, opiniões. Mediante este fato, no calor da competição e da vontade de ganhar, o jogador que faz a falta, ou que coloca a mão na bola dentro da área (às vezes sem a intenção), irá se acusar? “Olha juizão, pode me dar cartão vermelho”, ou, “eu coloquei a mão intencionalmente a mão na bola”.


Este Fair Play 100% correto nunca ocorrerá, e não apenas pela falta de hombridade, mas pelo fato interpretativo e subjetivo que envolve muitos lances do futebol, e que não existe no Tênis, por exemplo. Em alguns casos o jogador tem até a certeza que fez uma falta dura para vermelho, mas em outros ele, piamente, acredita que não se valeu de força excessiva, e ele irá se entregar? Tanto que se fosse assim, nem precisaríamos de árbitros nas modalidades esportivas.


O Jô errou, principalmente, por não reconhecer fora de campo o gol irregular. Porém, a partir daí se exigir que o futebol se torne um confessionário, já é demais. Lugar de confissão é na Igreja.


Considerando todos estes pontos, o Fair Play deve existir, mas com o auxilio da tecnologia para corrigir possíveis dúvidas invisíveis aos olhos dos árbitros e jogadores. Ainda assim, o futebol nunca será 100% justo e perfeito, afinal a imperfeição é parte inerente ao homem!

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