Entrevista com Rica Perrone

Eu prefiro Mata Mata porque nenhum evento de entretenimento tem que ser justo. Tem que ser marcante, incrível, inesquecível

1- Você é um jornalista que abdicou de trabalhar em grandes empresas do ramo e faz sua carreira nas redes sociais. Qual o maior motivo dessa postura?

Não acredito mais nas mídias tradicionais. Hoje o torcedor quer proximidade com o clube, e eu senti isso em 2006, quando criei um site só sobre o SPFC. Hoje todo time tem sites assim e blogueiros, etc. A tendência é essa. A gente quer verdade, não mais aquele tipinho de terno discutindo futebol.

2- Trabalharia em uma grande empresa de comunicação? Qual?

Se fosse bom pra mim em qualquer uma. Sou mercenário como todo mundo. Pagando bem eu faço. Só mantenho a lei de Gil. kkkk

3- Grandes jornalistas que são funcionários de grandes cooperações não transmitem aquilo que pensam em função das normas da empresa, e isto na minha visão atrapalha muito o debate sobre qualquer esporte. Sendo assim, tem alguma emissora que permite os funcionários externar suas opiniões sem ressalvas?

Não. Ninguém funcionário é 100% livre. Eles acham que sao. Mas ninguém fala o que atingiria seu chefe, sua empresa e seus parceiros comerciais. Logo, você não ta livre.

4- Imprensa esportiva tem muito a melhorar, e você já afirmou isto, em quais aspectos? Tem jornalistas que você admira? Quem?

Eu admiro muitos. Mas a idéia de JORNALISMO no futebol acho burra. É entretenimento. Somos apresentadores, provocadores, não um bando de analistas em busca da verdade quando vende-se um sonho. A verdade estupra o futebol. É a disney. Não faz sentido.

5- Você tem canais particulares (site, YouTube, Twitter), e expressa suas opiniões de forma natural e espontânea. Isto é algo diferente no meio. Incomoda os colegas de profissão? Você se considera um jornalista incomum?

Muito. A maioria dos jornalistas não gostam de mim. Eu faço do meu jeito, não tomo chuva e nem espero jogador no CT e ganho o meu dinheiro, vou a camarotes, me relaciono bem pra caralho com clubes, dirigentes e jogadores. Eles ficam putos. Mas … nada pessoal. Só negócios.

6- Você hoje tem um estúdio que faz entrevistas, e muito boas, tem projetos para crescer este canal?

Eu não sei bem o que será disso. Honestamente… eu não sei. Adoro, mas a web não quer conteúdo. Ela quer algo que faça rir ou algo que faça criticar. É só isso. Conteúdo na web não vinga. Infelizmente. E eu não vou perguntar da Dani Calabresa pro Adnet pra gerar view.

7- Hoje em dia é possível assistir, no mínimo, uns dois jogos por dia de campeonatos europeus na televisão, e é visível o enorme numero de adolescentes que torcem e compra produtos de equipes europeias, qual o maior motivo dessas ações?

O mau entendimento do sucesso do futebol europeu. Eu tinha 6 países com campeonatos fortes, uns 20 clubes grandes. Hoje tenho 5 ou 6 enormes, campeonatos de um clube só e uma Champions League de muito sucesso. É um case de sucesso o futebol europeu? Matar a grandeza de 15 clubes pra manter 5 num nível fora do comum? Fazer dos campeonatos um saco de pancadas? Pra mim, não é.

8- CBF é um retrato das ações dos clubes? Os clubes são reféns ou cúmplices?

A CBF é a representação deles. Simples assim. Na prática e na teoria.

9- Mata-mata ou pontos corrido? Por quê?

Mata Mata porque nenhum evento de entretenimento tem que ser justo. Tem que ser marcante, incrível, inesquecível. E campeão ganha do vice.

10- Qual a mudança necessária para o futebol brasileiro crescer como campeonato, como produto?

A mentalidade. O entendimento que precisamos valorizar e não agredir. Que não vamos crescer em nada com criticas vazias por mera vontade de criticar. Que é preciso entender o sistema do futebol brasileiro para tentar muda-lo. E quantos entendem?

11- Seu time é o São Paulo, mas para você qual a torcida mais apaixonante no futebol brasileiro?

Flamengo. Pela facilidade com que se comovem pro bem e pro mal. Mas Corinthians, Galo e Gremio são as outras 3 que admiro muito.

Confira o blog do Rica Perrone: http://www.ricaperrone.com.br/

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